Você já deve ter ouvido alguém falar que o mundo precisa de mais empatia (talvez até você mesmo já tenha falado isso), mas, afinal, o que realmente é empatia?
Quando se fala empatia, é provável que você pense na famosa frase “empatia é se colocar no lugar do outro”, hmmmm mais ou menos.
Podemos ver a empatia como sentir o que outra pessoa está sentindo ou entender o que ela está pensando.
É verdade que, se imaginarmos o que essa pessoa está sentindo, poderemos sentir empatia, mas não necessariamente. Estar triste com a situação de outra pessoa pode provocar compaixão ou pena, mas não são sentimentos de empatia.
Descubra neste artigo verdadeiramente o que é empatia e como colocá-la em prática em seus relacionamentos e extrair o melhor deles. Boa leitura!
Empatia é diferente de simpatia.
Simpatia é algo muito mais superficial, é sorrir para a pessoa e não resistir em dar um conselho: “tudo vai dar certo, pelo menos você tem um emprego!”. Por falar nisso, “dar conselho” é um dos vários obstáculos que impedem a empatia de acontecer.
Uma famosa referência sobre Simpatia x Empatia é da autora Brené Brown – escritora norte americana que, em 2013, fez uma palestra muito esclarecedora sobre o tema. O resumo do conceito apresentado por ela se encontra no vídeo abaixo.
“Empatia alimenta a conexão, simpatia leva à desconexão” – Brené Brown
Empatia vai muito mais além, envolve presença e escuta de verdade. É como se a outra pessoa estivesse segurando um novelo de lã todo bagunçado, você deixasse o novelo se desenrolar e aí sim dissesse “Eu não sei o que te dizer agora, mas estou feliz que você se abriu comigo”.
A empatia na prática
Para que o conjunto completo de empatia ocorra, existem quatro passos específicos para colocá-la em prática.
PASSO 1 – Observação
Ouça e atente-se ao que a pessoa tem a dizer sem julgamentos.
PASSO 2 – Sentimento
Cite o nome dos sentimentos. “Você ficou muito triste? Muito decepcionada?”. Coloque em palavras. Verbalize o que o outro supostamente esteja sentindo. Isso o deixará mais à vontade para espontaneamente comentar sobre o ocorrido.
PASSO 3 – Necessidade
Investigue a necessidade da pessoa. Empatia é buscar pela necessidade do outro. Ouça atentamente e se pergunte “do que essa pessoa precisa nesse momento?”. “Por trás de todo sentimento negativo existe uma necessidade não atendida”, disse Marshal Rosemberg.
PASSO 4 – Pedido
Preste auxílio a pessoa. Faça com que ela entre em ação para resolver situações adversas. Se ela porventura não conseguir encontrar soluções, incentive-a pedir ajuda. Com toda certeza, isso fará com que se sinta melhor.
Faça perguntas e valide com a outra pessoa se a sua interpretação está correta. Talvez seja preciso analisar a situação de forma mais ampla, considerando o contexto – o que está acontecendo fora da visão da pessoa.
Experimentar a empatia requer um tipo de truque mental Jedi, envolve direcionar nossa consciência para um lugar em que nossa mente não vai por vontade própria – “se colocar no lugar do outro SENDO o outro” – permanecendo ali por um momento, para registrarmos a paisagem emocional/cognitiva e depois retornar à nossa própria realidade.
Ser empático nem sempre é fácil e, graças à neurociência, sabemos agora que chegar ao ponto de imaginar como é ser outra pessoa envolve atividades cerebrais complexas.
Não existe um único lugar em nossos cérebros onde a empatia aconteça – ao contrário, a empatia envolve ações neurológicas que estão espalhadas por todo o cérebro.
Exemplificando
Vamos agora a um exemplo…
Ligamos para uma empresa telefônica para contestar uma cobrança indevida. Estamos incomodados com a situação, mas sabemos que, se quisermos ser eficazes, precisamos controlar nossa raiva.
Como a empatia é uma maneira de gerenciar nossas emoções quando estamos reclamando de algo, decidimos testá-la. (Essa lógica está presente no livro chamado “The Squeaky Whell” – Guy Winch).
Poderíamos considerar qual seria nosso sentimento em ser o atendente pensando em como nos sentimos em nossos próprios trabalhos – mas isso não seria a mesma coisa. Temos que provar o mundo da outra pessoa e registrar seu ponto de vista, o que significa que precisamos nos esforçar para pintar essa paisagem o máximo que pudermos.
Nesse caso, devemos imaginar como é sentar-se em um pequeno cubículo o dia inteiro diante de um computador que nos dita quase tudo o que fazemos e dizemos.
Temos que imaginar os motivos que nos fariam trabalhar nesse ambiente e o retorno do trabalho.
Temos que pensar em como deve ser passar nossos dias lidando com clientes frustrados e irritados, sermos ofendidos regularmente e não poder responder pelo medo de perder nossos empregos.
E então, mesmo antes de nossa frequência cardíaca desacelerar da última ligação, outra ligação é recebida e mais um novo cliente que se queixa de uma cobrança indevida.
O que esse exercício de empatia pode nos ensinar
Fazer o exercício da empatia provavelmente nos levaria a perceber que ser gentil e respeitoso ao apresentar nosso problema, poderia provocar sentimentos de alívio e gratidão no atendente que provavelmente estava se preparando para outra pessoa irritada.
Isso, por sua vez, pode fazer com que eles se sintam mais motivados para nos ajudar a resolver nosso problema.
Mas é esse exercício que as pessoas geralmente fazem? 99% das vezes não!
Ao invés de usarmos o truque mágico Jedi, nós seguimos o caminho mais comum: o da simpatia.
Aquele que pensa que sempre existem coisas piores e para alegrar a vida do outro nós dizemos: “Você acha que o seu dia está péssimo? Nossa, isso porque você não tem os filhos e o marido que eu tenho!”.
Agora pense, isso realmente ajuda você a se sentir melhor de alguma maneira? Esperamos ouvir um sonoro “NÃO” saindo da sua boca agora.
Muitas vezes, queremos e nos esforçamos para sermos empáticos e erramos categoricamente. Mas relaxe. Você se tornará mais empático mediante a treino. Devemos repetir esse exercício até que nossos músculos emocionais estejam totalmente prontos.
E nunca esqueça. Empatia é uma escolha e tem momento de acontecer, você não precisa ser empático a todo o momento.
Quando devemos usar a empatia?
Uma vez que entendemos como usar a empatia, poderemos aplicar em uma variedade de situações. Aqui estão apenas alguns dos muitos cenários possíveis:
- Sempre que procuramos entender melhor alguém.
- Quando nos encontramos argumentando improdutivamente com alguém .
- Quando temos problemas em nos conectar emocionalmente com o sofrimento de alguém.
- Quando queremos acalmar nossos ânimos e gerenciar nossas emoções.
- Para descobrir a forma mais eficiente de reivindicar direitos e expor pontos de vistas.
A empatia vem mais naturalmente para alguns do que para os outros. No entanto, investindo tempo para realmente entender os pensamentos e sentimentos das outras pessoas e nos imaginando em seus lugares (SENDO elas), obteremos insights valiosos que, se colocados em prática, forjaram conexões mais profundas com aqueles que nos rodeiam.
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